Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que atendem em São Paulo presencialmente e também online por videochamada. Autor: Psicóloga Veluma Marzola - Psicólogo CRP 06/124019
A depressão pós-parto é um assunto complexo para as mulheres. Ele traz uma amargura consigo, pois implica que um evento grandioso e, em alguns casos, esperado a vida inteira pela mulher possui conotações negativas.
O nascimento de um filho deveria ser um momento repleto de felicidade e autorrealização na vida dos pais. Os avós estão felizes, o bebê nasceu saudável, os planos traçados em conjunto com o pai estão sendo concretizados…
Então, por que algumas mães ficam deprimidas?
Na verdade, não há nenhuma relação entre esse tipo de depressão e a capacidade de uma mulher de ser mãe ou às suas opiniões acerca da gestação e nascimento de um filho. Assim como os demais transtornos depressivos, termo utilizado pelo DSM V, a depressão pós-parto é uma condição de saúde mental.
Em outras palavras, ela é uma doença que tem cura e não deve ser relacionada à personalidade, comportamento e habilidades maternais das mães. Tampouco deve gerar sentimento de culpa nas mães, afirmam psicólogos.
O que é depressão pós-parto?
A depressão pós-parto é uma condição que impacta o jeito de pensar e de agir das mães depressivas, jogando uma camada de tristeza e desesperança sobre o humor, anseios e comportamentos dessas mulheres.
Ela normalmente aparece algumas semanas depois do parto, mas também pode surgir meses após o nascimento do bebê.
A mãe começa a ficar irritada e triste sem explicação. Essas oscilações de humor levam-na a cuidar do filho com desinteresse e até desgosto e, com o tempo, podem dificultar a realização de tarefas diárias que vão além do cuidado com o bebê.
Essa condição pode comprometer a construção do vínculo entre mãe e bebê. Ao contrário do que muitos pensam, a sua formação não é imediata. Esse vínculo é construído conforme a convivência, e possui impactos significativos tanto na personalidade quanto nos comportamentos sociais e autoestima do filho.
Sendo assim, a construção de uma relação afetiva entre a mãe e o bebê é fundamental para o desenvolvimento do psiquismo dos pequenos.
Existem três tipos de depressão que podem suceder o parto:
- Tristeza materna: marcada por oscilações de humor súbitas nos primeiros dias após o nascimento do bebê. Os sintomas possuem menor intensidade;
- Depressão pós-parto: tristeza constante e intensa que gradativamente acaba debilitando o funcionamento da mãe no dia a dia; e
- Psicose pós-parto: esse tipo é frequentemente representado em obras de ficção. É quando a mãe perde conexão com a realidade e pode ter alucinações sonoras e auditivas.
Como identificar a depressão pós-parto?
Saber identificar os sintomas leva à um diagnóstico rápido uma vez que as mães se consultam com profissionais da saúde logo após a sua percepção.
É ideal que as famílias prestes a terem um bebê leiam sobre essa condição já durante a gestação. Como ainda há estigmas entorno dela, os sintomas podem ser menosprezados pelo pai, avós, parentes próximos e a própria mãe. A estigmatização leva a crenças como “depressão é frescura” ou “basta sair de casa para combatê-la”.
Dependendo da situação de vida da mãe, a compreensão e atenção aos sintomas são ainda mais necessários. Uma mãe que, por exemplo, precisará passar grande parte do tempo sozinha cuidando do bebê pode se sentir solitária e receosa, especialmente se morar muito longe da sua família.
Esse cenário a torna mais suscetível a desenvolver às condições de saúde mental associadas ao pós-parto.
Os sintomas da depressão pós-parto se dividem em duas categorias: físicos e psicológicos. Veja abaixo o grupo de sintomas físicos.
- Insônia ou sono excessivo;
- Cansaço extremo;
- Perda ou ganho de peso;
- Enxaquecas;
- Dores no corpo;
- Perda de apetite;
- Palpitações no coração;
- Arrancar fios de cabelo;
- Hiperventilação; e
- Desconforto no peito.
Já os sintomas psicológicos são:
- Irritabilidade;
- Desinteresse por tarefas do dia a dia e atividades que antes eram desempenhadas por prazer;
- Ansiedade;
- Tristeza profunda;
- Problemas de concentração e memória;
- Dificuldade para tomar decisões;
- Ter crises de choro inexplicáveis;
- Ficar exageradamente preocupada com o bebê;
- Sentimento de culpa; e
- Ter medo de machucar a si mesma ou o bebê.
Causas da depressão pós-parto
Embora a ciência não tenha sido capaz de pontuar uma causa exata para esse tipo de depressão, ela tem relação direta com a deficiência hormonal que ocorre após o parto.
Durante a gravidez, o organismo da mulher recebeu doses altas de hormônios, como estrógeno e progesterona. Ambos influenciam a atuação dos neurotransmissores responsáveis por conduzir mensagens químicas entre os neurônios.
Algumas horas após o nascimento do bebê, os níveis desses hormônios caem de maneira drástica, podendo impactar o surgimento de condições pós-parto.
Essa súbita oscilação hormonal, no entanto, não é a única possível causa. Muitas mulheres que passam por ela não desenvolvem depressão ou sofrem mudanças de humor bruscas.
Mães com histórico de depressão na família ou que já tiveram a doença estão mais sujeitas a desenvolverem tristeza, depressão e psicose pós-parto. Outros fatores, como gravidez indesejada ou não planejada, também podem estimular o seu surgimento. Em ambas as situações, a mulher sofre com altos níveis de estresse.
É raro chegar a um diagnóstico logo na primeira consulta com o psicólogo, médico psiquiatra ou médico obstetra.
Como os sintomas da depressão e tristeza pós-parto são semelhantes, geralmente são necessárias até duas ou três consultas para determinar qual condição está causando sofrimento à mulher e, consequentemente, ao bebê.
Tratamentos para a depressão pós-parto
O tratamento para esse tipo de depressão é normalmente feito com psicoterapia e medicação para controlar sintomas. O tipo, contudo, vai depender da severidade do quadro clínica da paciente.
A terapia é costumeiramente a melhor opção para os casos considerados leves e moderados. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é umas melhores abordagens psicológicas para tratar essa condição.
Além de substituir os padrões comportamentais e de pensamento negativos por positivos, ela trata crenças danosas relacionadas à maternidade. Dessa forma, a mãe consegue administrar o medo, preocupação e ansiedade nutridos acerca dos cuidados com o bebê.
A terapia expande também para os outros contextos sociais presentes na vida da mulher, como ambiente de trabalho, relacionamentos com amigos, relação afetiva com o cônjuge e autoestima.
O que fazer ao receber o diagnóstico de depressão?
Receber o diagnóstico desse tipo de depressão pode ser uma surpresa. Por isso, separamos dicas para acalmar os corações das mães neste momento complicado:
1. Evite a culpa
A culpa é um sentimento muito predominante na mãe deprimida. As mães costumam colocar muita pressão em si mesmas para desempenhar seus papéis sem quaisquer falhas. Também são pressionadas por outros familiares e recebem palpites da mãe, avó, sogra e outras mães na família.
Assim, elas podem se sentir culpadas por não estarem correspondendo às suas expectativas e as dos outros. Será que ter desenvolvido depressão faz dela uma péssima mãe? E o impacto da doença no bebê? Será que o filho terá problemas no futuro por conta dela?
Ter esses questionamentos são esperados. As mães, contudo, não devem sucumbir à culpa. Esse sentimento é pouco útil dado que paralisa as pessoas em um estado emocional negativo e de inércia. Em vez de buscarem soluções para seus problemas, permanecem longos períodos se culpando por tê-los.
2. Siga o tratamento
Siga o tratamento de acordo com as orientações do psicólogo e do médico psiquiatra, quando necessário. Algumas pessoas desistem do acompanhamento psicoterapêutico nas primeiras semanas por pensarem que ele não funciona. Acreditam que “só conversar” não está ajudando.
Entretanto, podem ser necessárias muitas sessões de terapia para que você perceba os benefícios do autoconhecimento e alívio emocional. Persista nas consultas sem pensar muito em mensurar resultados.
Mantenha o foco em falar sobre os assuntos que lhe incomodam e encontrar soluções para os seus problemas, mesmo os que parecem impossíveis de resolver. Logo, você perceberá a evolução entre o seu sentimento de antes do início do tratamento e o de durante.
3. Expresse seus sentimentos
Não tenha medo de expressar o que você sente, não importa o quão ruins você acredite que seus pensamentos e sentimentos sejam. É possível compartilhá-los abertamente com o psicólogo, uma pessoa de confiança ou outras mulheres que tiveram a mesma experiência.
É ideal que mulheres deprimidas busquem outras mulheres na mesma situação ou que já passaram por isso para trocarem experiências. Dessa forma, diminui-se o peso aparentemente insuportável da depressão pós-parto, causando alívio para as mães.
Outras maneiras de expressar sentimentos são escrevê-los em um diário, impresso ou virtual, fazer uma atividade criativa, como pintura ou desenho, ou praticar atividades físicas. De preferência, opte por atividades aeróbicas, como corrida ou dança.
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Autor: psicologa Psicóloga Veluma Marzola - CRP 06/124019Formação: A psicóloga Veluma é formada há mais de 10 anos e é especialista em Terapia Cognitivo Comportamental. Possui experiência em escuta e acolhimento em Terapia Individual e Terapia de Casal. Atende demandas como ansiedade generalizada, conflitos profissionais, amorosos e familiares, disfunção sexual...
Gostei muito do artigo…. É importante falar sobre a depressão pós-parto.
Obrigada pelo seu feedback!