Como superar o luto perinatal

Perder uma pessoa querida é sempre uma situação bastante complicada e que envolve muito cuidado emocional para lidar com o que ocorreu.

Porém, no caso do luto perinatal, também é preciso aprender a viver com a quebra de expectativas em relação a uma vida que ainda estava começando.

Afinal, o “perinatal” refere-se ao período que engloba a gravidez, o parto e as primeiras semanas após o nascimento do bebê. É uma combinação das palavras “peri”, que significa ao redor ou em torno de, e “natal”, relacionada ao nascimento.

Ou seja, é o luto específico para quem perdeu o bebê durante a gestação ou em seus primeiros dias de vida.

Continue lendo para entender mais sobre a situação e descobrir como lidar com isso.

O que é luto perinatal?

O luto perinatal refere-se ao processo de dor experimentado por pais e familiares após a perda de um bebê durante a gravidez, no momento do parto ou nos primeiros dias de vida. Esta perda pode ocorrer devido a complicações durante a gestação, anomalias congênitas, complicações no parto ou outras razões médicas.

A vivência do luto perinatal é única e complexa, pois envolve não apenas a perda do bebê, mas também a perda das expectativas, sonhos e planos que os pais tinham para o futuro com o filho.

Além disso, enfrentar essa dor pode ser especialmente desafiador porque muitas vezes a sociedade não reconhece plenamente a dor associada a essa forma de perda, principalmente quando o bebê ainda não havia nascido.

Alguns pais, por exemplo, escutam dizeres como “você terá outro filho no futuro” ou “você pode guardar o enxoval para o próximo”, e precisam lidar com a insensibilidade dessas palavras, uma vez que não existe substituição para as crianças.

Além dos pais biológicos, outras pessoas que podem experimentar o luto perinatal incluem membros da família extensa, como avós, irmãos e amigos próximos, que também podem compartilhar do sofrimento e da perda.

Como lidar com luto perinatal

Cada pessoa envolvida no processo de luto perinatal pode ter uma experiência única, pois a intensidade e a natureza podem variar de acordo com diversos fatores, como o estágio da gestação em que a perda ocorreu, as circunstâncias da perda e a forma como cada indivíduo lida com o trauma.

Veja algumas sugestões que podem ajudar as pessoas a enfrentar o luto perinatal:

Permita-se sentir

É importante permitir-se sentir as emoções, que podem incluir tristeza, raiva, culpa e confusão. Não há uma maneira “certa” de sentir durante o luto, e, inclusive, ele acontece em diferentes fases.

Busque apoio profissional

Psicólogos, terapeutas ou conselheiros especializados em luto perinatal podem fornecer um espaço seguro para expressar sentimentos e receber orientação emocional.

Participe de grupos de apoio

Estar em contato com outras pessoas que passaram por experiências semelhantes pode ser reconfortante. Esses grupos oferecem compreensão mútua e um ambiente de apoio.

Comunique-se com o parceiro ou família

Compartilhar sentimentos com o parceiro, familiares ou amigos próximos pode fortalecer os laços emocionais e proporcionar apoio mútuo. Comunicação é importante entre o casal, uma vez que momentos difíceis como esse acaba aumentando a possibilidade de divórcio.

Crie rituais de despedida

Realizar rituais simbólicos de despedida, como uma cerimônia memorial ou criar lembranças, pode ajudar a honrar a memória do bebê.

Cuide de si mesmo

Durante o processo de luto, é crucial cuidar da saúde física e mental. Isso inclui alimentação saudável, descanso adequado e, se necessário, buscar apoio médico.

Esteja ciente das datas importantes

Datas como a data prevista para o parto ou aniversários podem ser particularmente difíceis. Esteja ciente dessas datas e planeje como deseja passar por elas.

Seja paciente consigo mesmo

O processo de luto não tem um cronograma fixo. Cada pessoa lida de maneira diferente e em seu próprio tempo. Seja paciente consigo mesmo e permita-se avançar gradualmente.

Explore recursos de apoio

Existem muitos recursos disponíveis, como livros, sites e organizações dedicadas ao luto perinatal. Esses recursos podem fornecer informações úteis e histórias de outras pessoas que passaram por experiências semelhantes.

Tome cuidado com lembranças vivas

Com o tempo, é importante desapegar de certos itens materiais para poder superar a dor vivida. Manter o quarto do bebê da mesma forma, com todas as roupas e brinquedos, pode acabar prejudicando a sua evolução emocional, já que isso sempre te lembrará a dor da perda.

Sinais do luto perinatal intenso

A perda de bebês antes do nascimento ou nos primeiros momentos de vida sempre deixará marcas profundas em seus familiares. Porém, é importante observar sinais de que o luto perinatal se tornou intenso e que carece de apoio profissional e psicológico.

Sentimentos de tristeza intensa e prolongada são comuns. Isso pode se manifestar como choro frequente e uma sensação persistente de vazio. Também é característico desse período a raiva, tanto em relação a si mesmo quanto a outras pessoas. Além disso, os pais podem se culpar pela perda, mesmo que não tenham controle sobre as circunstâncias.

Desta forma, é preciso prestar atenção na intensidade, pois pode haver um aumento no risco de desenvolver complicações na saúde mental, como depressão, transtorno de ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) ou outros distúrbios emocionais.

Algumas pessoas que enfrentam o luto perinatal podem se sentir isoladas socialmente, especialmente se amigos e familiares não compreenderem totalmente a complexidade da perda. É essencial que sua rede de apoio consiga demonstrar que a pessoa não está sozinha para evitar o agravamento de quadros depressivos.

Inclusive, o luto perinatal pode impactar o desempenho no trabalho devido à distração emocional, falta de energia ou outros efeitos emocionais e físicos. Infelizmente, nem todas as pessoas trabalham em ambientes compreensivos e a constante falta de entrega no âmbito profissional pode prejudicar sua relação com os superiores.

Depois de quanto tempo o luto perinatal é preocupante?

A dificuldade em superar o luto perinatal, mesmo após um longo período de tempo, é uma experiência que algumas pessoas enfrentam. De qualquer forma, cada pessoa lida com o luto de maneira única, e não há um cronograma fixo para o processo de cura.

Ou seja: não se pode dizer que essa é uma questão que irá se curar em uma semana, um mês, um ano, ou dez anos. Inclusive, essa pode ser uma ferida que nunca se fecha, devido aos desdobramentos de transtornos pós-traumáticos e da forma como ocorreu essa perda.

O que o ciclo de apoio das pessoas que estão vivendo o luto devem prestar atenção é se elas estão se sentindo incapazes de seguir em frente e estão abandonando todos os outros aspectos de suas vidas por conta da dor.

O ideal é que ocorra o acompanhamento psicológico desde quando ocorre a perda. Porém, se não foi o caso, é preciso iniciar uma terapia urgente em caso de persistência so sofrimento.

Lidar com o luto perinatal é um processo desafiador e, em alguns casos, pode ser útil buscar diferentes formas de apoio ao longo do tempo. É importante lembrar que não há um “certo” ou “errado” ao enfrentar o luto, e cada pessoa percorrerá esse caminho de maneira única.

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